domingo, 30 de novembro de 2014

Os que tocaram o céu



Todos admiram aqueles que tiveram êxito
Por todo canto se ouve as palmas
Os olhares vidrados naqueles que estão no topo
Elogios seguidos de perguntas
Todos no fundo querem saber
Como chegar lá

Alguns com suas falas precipitadas
Declaram que são deuses em carne
Falam que não possui erros de qualquer natureza
E que eram os melhores
E que não tiveram o sabor da dor

Mas um dia consegui conversar com um deles
E foi interessante
Descobri algo
Era tudo o contrario

Eles não tiveram nada
Eram verdadeiros miseráveis
Não se destacavam por suas habilidades
Eram quase que invisíveis

Mas todos eles têm algo em comum

Determinação!

Por não possuírem nada
A primeira oportunidade de voarem
Agarram nas asas da águia
E seguraram com todas as forças

Eles entendiam que aquela pequena oportunidade
É a porta que eles sempre esperam
Para fugir dessa vida

Por não se destacarem
Sempre treinavam incansavelmente
Pois tinham em mente que deveriam superar
Para alcançar o tão cobiçado topo
Ao contrário dos que tinham habilidades
E por isso acomodavam e descuidavam

Em seus corações a plena certeza
A vida é uma eterna evolução
Se cair logo levantar
Não adormecer com os confortos
Fortalecer as pernas para não cair mais

Se apanhar e sangrar do inimigo
Limpe o sangue
Fortaleça os braços e se torne mais forte
E coloque no chão o seu medo

A poeira não é nosso ar
A terra não é nosso alimento
Mantemos as cabeças levantadas
O ar puro é nosso ar
A nuvem é nosso alimento
Viver pra baixo jamais!

Os dias maus não são dias de tristezas
São dias de crescer e se tornar mais forte
São dias de renovar nossas técnicas
São dias de mostrar
Aquilo que cultivamos

A montanha é grande?
O caminho é longo?
Então perguntamos
Qual é o preço que você vai pagar?

Mas o exército é grande!
Mas eles são mais fortes!
Mas eles mais assustadores!

Cala-se!

Se não tivermos fé
Então vamos jogar nossas armas na terra
E vamos embora

Mas se você quer vencer
Coloque em seu coração que somos fortes
Coloque em sua mente que não é difícil
O que é esse pequeno exército fazendo barulho?
Se eles não estiverem ali não haveria graça

Você quer tocar o céu?
Você quer chegar ao topo?
Coloque na sua cabeça
Ficar remoendo não vai te levar a lugar nenhum

Segure bem firme sua arma
Abra mão dos seus medos
Grite bem alto
E se lance na batalha com tudo o que você tem

Se você nunca tentar
Você nunca saberá
Como é bom tocar o céu



Ermanno Noboru Medeiros

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Ser rico e ser pobre



Ter facilidades
Comprar o que bem quiser
Escolher sem se preocupar
Ter um mundo em suas mãos

Ter dinheiro é ser rico?
Não ter mais problemas?
O que nós faz pobre?
O que nós faz forte?

Ter fé no intangível
Acreditar em alcançar
Um novo lugar
Conquistar uma nova esperança

Ter o coração forte
É ser rico
É ser forte

Coração forte tem coragem
Para conquistar um novo dia
Lutar quando não há mais arma
Navegar quando não há mais bonança

Ter medo de andar
E não querer mais lutar
É ser pobre de alma
É ser miserável de espírito

Se encolher com medo das sombras
 Viver em tocas
Sem coragem pra enfrentar
Os dias que virá

Ser rico e ser pobre
Não se trata de propriedade
Ou de vaidade
Mas da fé que reside no âmago de nossas almas


Ermanno Noboru Medeiros

domingo, 6 de abril de 2014

O que é perfeito pra mim

O que é perfeito?
Aquilo que não há defeito?
Ou aquilo que não parece feio?

Comprar e acreditar
Rasgar as embalagens
Buscar em cada folha velha
Uma palavra de paz
Procurar o que é perfeito pra mim

A paz tem preço?
Quem paga pelo o amor?
Será que a harmonia é cara?
Ou nós que não queremos pagar?

A felicidade dentro de um pote
A tristeza de um momento deixado
Imagens turvas em caleidoscópico
Formam o meu incerto sonho
Constrói meu falso desejo

A perfeição não se compra
Muito menos se conquista
Mas se descobre
No meio de tanta critica

O que é perfeito pra mim
Não há dinheiro que pague
Acreditar no que foi desvendado
Descobrir o que era obvio
Olhar o mundo com outros olhos

Assim sigo meus passos
Descobri as coisas perfeitas
Que está no nosso arredor
O que todos já esqueceram

O que é perfeito pra mim
Humanos não entendem



Ermanno Noboru Medeiros  

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Até quando?



Eu olho para o mundo
E vejo um mundo tão maravilhoso
Somos belos por natureza
Temos tudo o que precisamos

Mas até quando
Vamos derramar sangue em nome da paz?
Até quando
Vamos sacrificar vidas em nome da ordem?

Todos os dias são os mesmos horrores
Aceitamos tudo sem questionar
Somos devorados
E nossos sonhos triturados
Pelo medo

Os sacrifícios do passado não valem nada?
Somos netos da guerra
E mesmo assim queremos ver sangue?

Nossos avós lutaram pela herança da paz
E desperdiçamos a toa?
Até quando veremos a justiça defender os vilões?
Até quando seremos feridos?

Mas até quando
Vamos derramar sangue em nome da paz?
Até quando
Vamos sacrificar vidas em nome da ordem?

Quantas vidas são necessárias
Para trazer a paz?
Quantos sonhos sacrificados serão necessários
Para estabelecer a harmonia?
Quantas mães chorando nos túmulos dos seus filhos são necessárias
Para entender o que é justiça?
Quantas famílias traumatizadas serão necessárias
Para a justiça possuir lógica?
Quantas crianças sem pais serão necessárias
Para se entender o amor?
Quantas vidas são necessárias
Para pagar o preço da paz?

Mas até quando
Vamos derramar sangue em nome da paz?
Até quando
Vamos sacrificar vidas em nome da ordem?

Até quando
Seremos monstros?


Ermanno Noboru Medeiros

Onde está a felicidade?



Onde está a felicidade?
Alguém sabe onde encontrar?
Há vários lugares para procurar
Mas não tenho nenhuma pista para achar

Uma criança recém-nascida
Desconhece os perigos do mundo
Mas ela tem um sorriso verdadeiro
Uma risada doce
E então dizemos:
“Ela é feliz e não sabe!”

Quando envelhecemos nos tornamos seres medíocres
Reduzimos a nossa felicidade á nada
Vendemos nossos princípios
Negociamos nossos valores
Para apenas alguns segundos de felicidade
Uma falsa felicidade

Onde estará a felicidade?
Onde foi que eu perdi?
Será que eu vendi?
Ou simplesmente descartei?

Passamos o pouco que resta das nossas vidas
Negociando com o sistema
Trocamos nosso tempo por moedas
Com as moedas compramos pacotes
Abrimos desesperadamente atrás da nossa felicidade
E só encontramos roupas rasgadas
Carros amassados
Perfumes vencidos
Encontramos apenas lixos

Onde andará a nossa felicidade?
Estaria ela em um pedaço de goiaba?
Ou em um carro importado?
Em uma família reunida?
Ou em uma camisa rasgada?

Com nossa idade avançada
Reduzimos tudo a meras equações
Acreditamos que o caminho mais complicado é o melhor
Que nossas teorias elaboradas justificará tudo
Mas esquecemos de pensar como criança
Negociamos nossa simplicidade por glamour e status

Esquecemos que o caminho mais simples
É aquele que leva até a felicidade
Esquecemos que devemos apenas girar a maçaneta
E abrir a porta
E atrás dela está o caminho para felicidade

Continuando nessa estrada
Vou lutando
Pois sei que no final dessa caminhada
Quando finalmente fechar meus olhos para descansar
Irei para onde há felicidade

E ali serei criança novamente
E irei ter um sorriso verdadeiro



Ermanno Noboru Medeiros