segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Dias maus

 

Meu filho,

Se teus olhos avistar no horizonte

Fortes ventos sobrando no céu

Ondas revoltosas revirando o mar


Saiba que os dias maus são vindouros

Se aproximam como cavalos selvagens

E seu galopar estremece a terra


Meu filho

Teus ouvidos escutarão no horizonte

Gritos de homens vorazes

Cujos machados hão de cortar uns aos outros


Saiba que os dias maus são vindouros

Se aproximam como um temível exercito marchando

E seu marchar estremece a terra


Meu filho

Chegarão notícias de caos e desordem

Muito se ouvirá sobre os dias de lamento

Se falaram nos dias que o céu será pintado de sangue


Saiba que os dias maus são vindouros

E certamente chegarão esses dias de dor


Meu filho

Levante teus olhos para o horizonte

Levante teus olhos para além do que se possa enxergar


Ainda que os dias cheguem

Ainda que as guerras se aproximem

Ainda que os reinos dos homens decaiam


Que nada disso titubeie teu coração

Que nada disso faça sua fé desmorecer

Que nada disso faça sua força desfalecer


Levante teus olhos meu filho


Dias maus virão como onda para te afogar

Mas saiba que Sou pedra de apoio

E não afundará se segurar em Mim


Saiba que esse reino é finito e frágil como um castelo de areia

Um dia tudo cairá em pó

Mas Meu reino eterno é

E é pra lá que você deve alvejar


Filho meu

Tua luta e tua guerra não é para conquistar reinos humanos

Tua peleja é alvejar aquilo que está além do horizonte

É almejar aquilo que é eterno


Filho

Teu coração humano entristecerá

Mas não temas

E não te abatas


Meu filho

Guarde contigo

Dias maus sãos prenúncios da efemeridade desse reino

E que há um Reino acima de todos


Um Reino celestial e eterno

A sua morada final


Meu filho

Dias maus virão

Mas permaneça

Pois ao decair da noite

Em Meus braços descansará




Ermanno Noboru Medeiros

domingo, 19 de junho de 2022

A hora mais escura da noite

 

O medo surge do desconhecido

Daquilo que não pode ser visto

O que está encoberto nas trevas

O que se esconde nas sombras


No meio da noite

Quando o sol não está mais

O gélido vento assopra

As trevas encobre a vista


O medo se apossa

Como uma onda que engole um bote

Desespero apenas em todos lados


Pesada estão minhas pernas

A passada é dificultosa

O que os olhos não enxergam

A imaginação projeta

E cada vez mais paralisado estou


O incerto

O duvidoso

O que se esconde


Como um pai segura a mão do filho

Meu Pai Celestial segura minha mão

Sua Voz acalma meu coração

E apenas diz:

“Vamos!”


Ele não diz Vá

Ele diz Vamos

Os dois juntos


Tua luz afasta as trevas

Como um rugido de um leão

Que espanta as ameças e protege suas crias


O medo se vai como neblina varrida pelo vento

Minhas pernas anseiam por correr

Meu Pai Celestial me faz voar

Pois Seu amor me enche de fé


E o medo que gritava

Agora é inaudível

Na hora mais escura da noite

Se tornou mais claro que o dia


Pois ando de mãos dadas

E caminho ao lado

Do Meu Pai Celestial




Ermanno Noboru Medeiros

segunda-feira, 23 de maio de 2022

A Vida Continua

O tempo não para

Não descansa e nem se atrasa

Flui como um rio

Continuamente e sem falhar


Para tudo há um momento certo

Para tudo há um momento correto


A flor desabrocha na primavera

Mas no inverno perde sua beleza


No fulgor do nascimento há abundância de alegria

Mas na penumbra fúnebre o silêncio faz habitação


Os homens aos teus vários olhares sentenciam

Anunciando aquilo que há de vir

Segundo seu julgamento


Mas das folhas mortas de uma árvore

O tênue verde começa a brilhar

Como um lampejo de esperança


Afinal, quem estava certo?

Quem declarou a morte?

Ou quem viu além do tempo?


O árduo levantar

Após uma intensa noite de choro

A manhã vem chegando

E a vida continua


A Vida não para

Ela flui e pulsa

Ao ritmo do tempo


O tempo há de trazer

A resposta da oração mais sincera


A Vida não para

A Vida Continua




Ermanno Noboru Medeiros

domingo, 20 de fevereiro de 2022

O sincero sentimento

 

Uma confusão em um meio aos ruídos desconcertantes

Várias falas e vários dizeres

Que não falam nada e não dizem coisa com coisa

Em um turbilhão de conceitos e pensamentos

Vão e sem sentidos


O que vejo em seus olhos

Não é apenas uma face ou algo a me oferecer

Em seus olhos vejo

Uma história

Vários sentimentos

Uma pessoa

Um coração


Quando a noite se aproxima

Em minhas orações peço

Para que como tecelão uni vários fios em um

Que Deus possa unir as nossas histórias

Em um firme cordão inquebrável


Em todos os dias

Em tantas tempestades

Em tantos júbilos

Estar firme ao seu lado


Embora vivamos em um mundo frio

Ressequido pelos ventos incrédulos

O nosso Bom Pai derrama chuva em nossas vidas

Águas que trazem vida

Que trazem fé


E em fé

Caminharei ao seu lado

Mesmo em meio aos confusos barulhos

Seguirei em fé


Seguirei sempre em fé

Ao seu lado

Até o fim



Ermanno Noboru Medeiros

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Penumbra em meus olhos

 

O desconhecido é assustador

Não saber onde pisar é agoniante

Minha ansiosa mente tenta calcular

As várias rotas que devo seguir


O medo encobre meus olhos

Com uma fina penumbra opaca

Não saber para onde ir

Apenas tateando o trecho a ser percorrido

A perna paralisa

Não há movimento

Não há resposta


O medo percola meu olho e chega até meu coração

Uma fina chuva de incerteza

Faz brotar uma imensa pastagem de dúvidas


O medo que vêm de forma nublosa

O medo de não ser alguém

O medo de andar e cair

O medo do incerto

O medo de tudo dar errado

O medo de fazer errado

O medo


Apenas o medo


Como um forte e impetuoso vento

As nuvens são rasgadas ao meio

Sua mão traz um raio de luz

Quente e aconchegante


Suas mãos tiram as penumbras

Como um Pai tira as lamas do rosto do seu filho

Em meio aos raios do sol

Vejo Seu semblante com um terno sorriso


Sua voz ecoando por todo meu espírito

“Vai ficar tudo bem! Tenha fé!”


Sua voz espanta toda sombra de dúvida e medo

Sua voz me guia para onde devo ir

Sua voz ecoa no âmago do meu ser


Tenho coragem para enfrentar as tempestades

Tenho coragem para enfrentar o desconhecido


Posso não entender
Posso não ver

Mas a fé me faz enxergar


E sei muito bem

Seguindo a Sua voz

No final vai ficar tudo bem





Ermanno Noboru Medeiros