domingo, 30 de setembro de 2012

Fortaleza Urbana



Aumento o muro
Fortifico a minha construção
Tendo esconder meu fraco coração
Com medo da observação

Sou prisioneiro
Dos meus medos
Que absorvi
Ao assistir a T.V.

Meu pânico cresce
Ao ouvir o som
Na calada da noite
Pulando o meu portão

Não sou livre
Eu sou preso por meus medos
Tenho fobia do mundo de fora
Tenho pesadelo do que não se mostra

Quero sair
Quero ser livre
Mas a T.V. não deixa
Tenho que viver o meu mundinho
Aqui dentro de casa

Noticiários
Todos os dias
Falam de roubos
E sequestro

Tenho que instalar
Aquela cerca elétrica
Aquelas câmeras
Tenho que me proteger

Meu pânico cresce
Ao ouvir o som
Na calada da noite
Pulando o meu portão

Não sou livre
Eu sou preso por meus medos
Tenho fobia do mundo de fora
Tenho pesadelo do que não se mostra

Quero sair
Quero ser livre
Mas a T.V. não deixa
Tenho que viver o meu mundinho
Aqui dentro de casa

Minha diversão
Vem com o pay per view
Eu sou livre
No virtual
Eu sou feliz
Em meus sonhos

Meu pânico cresce
Ao ouvir o som
Na calada da noite
Pulando o meu portão

Não sou livre
Eu sou preso por meus medos
Tenho fobia do mundo de fora
Tenho pesadelo do que não se mostra

Quero sair
Quero ser livre
Mas a T.V. não deixa
Tenho que viver o meu mundinho
Aqui dentro de casa

Noticiários
Todos os dias
Falam de roubos
E sequestros




Ermanno Noboru Medeiros

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Garoto Esponja



Em um tempo onde a insensibilidade reinava nos corações das pessoas, nasceu um garoto bem diferente daqueles que o rodeava. Aquele garoto nasceu com um coração bem diferente, um coração semelhante a uma esponja, pois todo lugar que ele passava e havia algum sentimento pairando no ar, seu coração logo absorvia como uma esponja jogada em uma bacia cheia de água.
Aquele garoto sempre andava pelas escuras ruas da sua cidade e sempre observava as pessoas que ali ficava. E com o tempo ele começou a questionar alguns detalhes, pois havia coisas que ele não conseguia compreender, como o fato de homens tirarem a vida dos outros de maneira fria.
Ao mesmo tempo em que ele observava e questionava, seu coração ia absorvendo tudo o que havia naquele local. Seu coração absorvia qualquer coisa: dor da separação, fome, tristeza, angústia, agonia...
O mais interessante nesse garoto, era o fato que ele sabia como aquelas pessoas se sentiam, mesmo nunca ter passado por situação parecida. Como exemplo, a vez que ele entendeu a dor de uma mãe que perdeu seu filho, mesmo ele não tendo um filho.
Aquilo com o passar do tempo foi deixando ele louco, seu coração estava cheio de coisas ruim produzidas no interior da cidade. Aquilo foi trazendo uma sobrecarga no seu espírito e seu corpo começou a deteriorar.
Em um surto de desespero, esse garoto correu sem um rumo definido. E sem perceber ele estava fora da cidade e logo a sua frente havia um grande portão, a curiosidade o fez adentrar naquele estranho lugar. Era um enorme jardim de flores, flores que exalavam um aroma alegre.
Naquela hora esse garoto espremeu seu coração, escorreu por entre seus dedos um estranho liquido negro, era tudo aquilo que ele tinha absorvido. Mas logo o seu coração começou a absorver aquele alegre aroma exalado pelas flores, logo o seu coração ficou cheio de coisas simples.
E assim seguiu a vida do garoto esponja, ele ia ao jardim encher seu coração e depois voltava para cidade para regar o duro asfalto cinza, e quando seu coração estava cheio de coisas ruim, ele voltava para jardim para esvaziar e encher de coisas boas.





Ermanno Noboru Medeiros

O Vazio do Silencio



Abro a porta
E o vazio me enche
O silencio é perturbador
A tristeza é maior
Mas o arrependimento ganha
As perguntas prevalecem dentro de mim

Por que,
Deixei tudo acabar?
Por que,
Deixei tudo perder?

Só me resta o arrependimento
Fecho os olhos e faço uma oração
Meu Deus, por que deixei tudo acabar?
Meu Deus, por que deixei tudo perder?
Por que deixei tudo de lado?
Esqueci o que realmente importava
E dei foco no dinheiro

Eu sei que nada volta
Ainda mais se foi consumado
Por que não aproveitei enquanto tinha tempo?
Agora só me resta o vazio do silencio

Adentro-me da minha casa
E o desespero me possui
E deixo as lembranças escorrer pela face
E a saudade voar com o grito
Por que não aproveitar enquanto havia muito tempo?
Apenas deixei acabar com aquilo que não era importante
Me arrependo de não ter corrido atrás do que era verdadeiro
E hoje só as perguntas prevalecem dentro de mim

Por que,
Deixei tudo acabar?
Por que,
Deixei tudo perder?

Só me resta o arrependimento
Fecho os olhos e faço uma oração
Meu Deus, por que deixei tudo acabar?
Meu Deus, por que deixei tudo perder?
Por que deixei tudo de lado?
Esqueci o que realmente importava
E dei foco no dinheiro

Eu sei que nada volta
Ainda mais se foi consumado
Por que não aproveitei enquanto tinha tempo?
Agora só me resta o vazio do silencio

Agora só me resta o arrependimento
Fecho os olhos e peço tudo de volta
Mais eu sei que nada vai voltar
Devia ter aprendido enquanto havia esperança
Devia ter aproveitado enquanto havia tempo

Por que,
Deixei tudo acabar?
Por que,
Deixei tudo perder?

Só me resta o arrependimento
Fecho os olhos e faço uma oração
Meu Deus, por que deixei tudo acabar?
Meu Deus, por que deixei tudo perder?
Por que deixei tudo de lado?
Esqueci o que realmente importava
E dei foco no dinheiro

Eu sei que nada volta
Ainda mais se foi consumado
Por que não aproveitei enquanto tinha tempo?
Agora só me resta o vazio do silencio




Ermanno Noboru Medeiros

Minha canção



Eu quero uma música
Que fale quem eu sou
Que exale os meus ideais
Que expresse o que sinto

Um som produzido
Pelo meu coração
Nas batidas dos meus pensamentos
No ritmo dos meus sonhos

Melodia que espalhe
O amor que sinto
Levando embora
Os meus medos e pesadelos

Eu quero ouvir aquilo que é verdadeiro
Deixar o vento ecoar
As notas produzidas
No meu interior

Deixar os meus sonhos voarem
Juntos com os meus desejos
Para um lugar
Onde eles são reais

Só quero ouvir uma música
Que fale o que eu penso
Que expresse o que sinto
Que liberte dos meus medos
Que deixa os meus sonhos voar

Só quero ouvir uma música
Que nasce dentro de mim
Que seja natural do meu coração
Só quero ouvir o vento bater
Ouvir os meus sonhos voar
E meus medos gritar

Só quero ser livre
Com a minha música
Voar para outro lugar
Onde os meus sonhos não morra

Só quero ouvir uma canção
Que fale sobre o que acredito
Que fale sobre tudo o que conheci
E tudo que aprendi
Lutando e andando pela estrada da vida

Só quero ouvir uma música
Que fale sobre mim
Só quero ouvir uma música
Melodias dos meus sonhos
Espantando os pesadelos
Eu só quero ouvir uma música





Ermanno Noboru Medeiros

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Um no meio da Multidão sem Expressão



Quando olho para o espelho
Vejo mais uma face branca
Um rosto sem detalhe
Algo sem expressão
Mais um perfil perdido na multidão

Há tantas pessoas
Por que se importar?
Se alguém morrer
Haverá quem substituirá
E pense bem
Uma boca a menos para alimentar

Roubaram a minha felicidade
Enquanto eu assistia a TV
Mudaram os meus conceitos
Mudaram o meu modo de ver
Eu era feliz e não sabia
Hoje não passo de um louco suicida
Eu só sei quem eu quero ser
Eu só sei quem repudio e odeio

Quem sou eu?
Quem é você?
Quem sou eu?
Quem é você?

Tento ser
Aquilo que vi em um resultado
Falado por alguém que não me conhece
Que apenas me rotulou e generalizou
Os meus pensamentos
E os meus desejos

Minha voz é perdida
Ao meio dos gritos
Exalados pela enorme multidão
Sou apenas mais um
Tentando imitar uma imagem

Roubaram a minha felicidade
Enquanto eu assistia a TV
Mudaram os meus conceitos
Mudaram o meu modo de ver
Eu era feliz e não sabia
Hoje não passo de um louco suicida
Eu só sei quem eu quero ser
Eu só sei quem repudio e odeio

Quem sou eu?
Quem é você?
Quem sou eu?
Quem é você?

Eu quero ser aquele cara do carro importado
Que é foco das câmeras
Assuntos dos programas de televisão
E comentados nas capas das revistas

Odeio em pensar em ser
Aquele mendigo sorridente
Ou um operário
Nem muito menos um funcionário

Sigo o que vejo na tela
Tento modelar o meu rosto
Não quero ser mais alguém jogado
Sigo esse bobo sonho
Em ser alguém que não conheço
Seguindo conselho de alguém de não me viu

Roubaram a minha felicidade
Enquanto eu assistia a TV
Mudaram os meus conceitos
Mudaram o meu modo de ver
Eu era feliz e não sabia
Hoje não passo de um louco suicida
Eu só sei quem eu quero ser
Eu só sei quem repudio e odeio

Quem sou eu?
Quem é você?
Quem sou eu?
Quem é você?


Ermanno Noboru Medeiros