segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Guerra, Logomarcas e Dinheiro

Explosões de logos
Tiros de anúncios
Gritos de ofertas
E generais de ternos

O campo de batalha
É nas ruas
Nas escolas
Na sua própria casa

Crianças, todas tem
Adolescentes, está na moda
Adultos, e mais barato
Velhos, faz bem pra saúde

Uma guerra fria
E calada
As armas
São as ofertas

Tentam empurrar
Na sua garganta
Seus pequenos jingles
Alucinantes

Seus movimentos são verdadeiros?
Seus pensamentos são verdadeiros?
Seus sonhos são verdadeiros?
Ou são mais uma ilusão criada pelas indústrias

Armadilhas
Criadas
Para prender
Seu rico e precioso dinheiro

As armas são as embalagens
As armas são as propagandas
As armas são os atores
As armas são seus desejos

Compre
Use
Desperdice
E enriqueça as multinacionais

Essa é a verdadeira guerra capitalista
Consumista
Onde todos disputam
Para ficar com seu dinheiro
Sim, seu precioso dinheiro

Dominar o território
Da sua mente
E da sua carteira
Com bandeiras de marca

Cuidado
O perigo está
Nas prateleiras
Na tela da sua TV

Uma guerra
Fria
E louca
Só pra ver
Que vai ficar com seu dinheiro


Ermanno Noboru Medeiros

Minha Casa

Enquanto todos andam pelo asfalto
Eu ando pela grama

Enquanto todos respiram a fumaça das indústrias
Eu respiro o doce e puro ar das arvores

Enquanto todos vivem o cinza
Eu vivo o verde

Não há nenhum lugar
Melhor que minha casa
Eu não estou destruindo a sua
E isso não dá o direito de você destruir a minha

Eu sinto falta
Do telhado de folhas

Eu sinto falta
Do imenso tapete verde

Eu sinto falta
Das banheiras com água limpa

Eu sinto falta
Das musicas ao vivo

Você gostaria
Que eu destruísse sua casa?



Ermanno Noboru Medeiros

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Levantar e andar, lutar e ganhar

Você sofre
Enquanto outros festejam

Você só que melhorar de vida
Fazer algo melhor pra você

Você não quer mais sofre
Por isso você vai correr

Ir pra um lugar melhor
Melhorar de vida

Você nasceu em um berço de palha
Enquanto outros nasceram em um berço de ouro

Chega!
É hora de lutar
Sem desistir

[Levantar e andar
Lutar e ganhar
Sem olhar pra trás
Esquecer o que passou
Seguindo sempre em frente]

Chega de viver nessa miséria
Chega de ser pisado

Vamos escalar os montes
Sem ter medo de cair

Vamos voar
Sem parar

[Refrão]

Levantar e andar
Lutar e ganhar
Sem me acomodar
Com os confortos que a vida dá

Ermanno Noboru Medeiros

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Estação

Duas pessoas estão em uma estação, ninguém sabe por quê.
- Oi! Disse a pessoa azul.
- Oi! Disse a pessoa vermelha.
- Você vai pra onde?
- Não sei.
- E, pra falar a verdade, nem eu sei pra onde eu estou indo.
- Eu só quero esquecer as coisas
- Eu também!
- Quero deixar tudo pra trás.
- Eu não tenho nem o que deixar.
- Cara, não faz sentido ficar aqui.
- Concordo, mesmo porque todo mundo está indo embora.
- Esta virando moda fugir de casa.
- É, mas fazer o que, eu tenho vários problemas.
- Eu também tenho muito problemas, mas não sei como acabar com eles.
- Cara, depois que os astros começaram a fugir de casa, isso acabou virando moda.
- É, depois falam que nos somos paga pau deles.
- Eles não conhecem nossos problemas.
- Eu gostaria de saber como é lá.
- Meu trem está chegando, eu vou indo. Falou!
Nisso a pessoa azul se joga no trilho e o trem passa por cima dele.
- Bom, pesando bem, vou viver mais um pouco.







Ermanno Noboru Medeiros

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ebulição Sangüínea

Parecia mais um dia normal, cheguei em casa depois de um dia cansativo no trabalho. Percebi que minha mulher não tinha chegado do trabalho e fui pegar uma camiseta no armário.
Enquanto eu mexia nas roupas, bati sem querer em um objeto no fundo da gaveta. Logo de cara percebi que era algo feito de metal, pois estava gelado.
Fui cavando um buraco no meio das roupas, estava curioso. O que um objeto metálico estaria fazendo no fundo da gaveta? Conforme tirava as roupas e jogavas ás longe, comecei a ver com mais clareza aquele estranho objeto.
Minha cabeça enchia de duvidas, será que minha mulher estava me traindo? Não, como um simples pedaço de metal pode comprometer meu casamento?
Foi quando eu finalmente consegui pega-lo, fui puxando meu braço bem devagar, do mesmo jeito que se tira algo de um poço. Conforme minha mão chegava mais perto da superfície, mais minha curiosidade aumentava.
Então aquele misterioso objeto revelou-se a mim, era uma arma.
Uma pistola 9 mm. Estava carregada, e era toda ornada com desenhos milenares.
Lembrei que tinha ganhado de herança, mas nunca goste destas coisas, nem vi a cor dela. Quem pegou ela foi minha mulher, tinha mandado ela esconder aquilo. Mas finalmente eu encontrei.
Aquele peso, o jeito que eu segurava. Algo foi tomando minha mente de pouco em pouco. Quando percebi, estava com um pequeno sorriso no rosto. Aquela arma em minha mão. Uma sensação louca percorria meu braço e chegava a minha cabeça. Eu tinha poder, eu tinha força.
Minha mente foi inundada com imagem de pessoas sendo baleadas, seu sangue, seu doce sangue quente espirando em minha face. Sentia um certo prazer em imaginar todo aquele sangue escorrendo por meio dos meus dedos e relando lentamente em minha papilas gustativas.
Comecei soltando um riso bem baixo, que foi aumento aos pouco até chegar em um estado de demência. Onde eu soltava gargalhadas cada vez mais fortes, enquanto minha mão segurava cada vez mais forte aquele pedaço de metal.
Só de imaginar o som das explosões da pólvora, aquilo era musica para meus ouvidos. O som das explosões acompanhado dos gritos de desespero das vitimas.
Aquilo tudo era muito prazeroso, isso me excitava cada vez mais. Conseguia sentir meu sangue fervendo, ou melhor, entrando em estado de ebulição.
Agora poderia em fim vingar a morte do meu pai, fazer justiça com as próprias mãos.
Agora sou poderoso.





Ermanno Noboru Medeiros

Agradecidos?

Lá na cruz
Jesus morreu
Por nossos pecados

Lá na cruz
Jesus sofreu
Por nos

Lá na cruz
Jesus viu
A besteira que cometemos

Horror, barbaridade e dor
Jesus viu tudo isso
Enquanto morria na cruz

Jesus morreu na cruz
Pra nos salvar
Dor, choro e sofrimento
É assim que agradecemos?

Jesus morreu
Pra nos libertar
Mas nos prendemos uns ao outro

Jesus sofreu
Pra que nos podemos viver
Mas matamos uns ao outro

Jesus se sacrificou
Sofreu e se entregou por nos

Violência, dor e choro
É assim que agradecemos seu sacrifício?





Ermanno Noboru Medeiros

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Acreditando na mentira

Eu acreditava que tudo era mentira
Eu acreditava que tudo era lenda
Pra mim não sair de casa

Eu achava que
Os bandidos
Eram apenas atores

Eu achava que
O plenário
Era um circo

Depois que abri os olhos
Vi que tudo não passava de mentiras
Antigamente acreditava
Que tudo era historia pra boi dormir

Quando eu ligava a TV
E via as mesmas coisas de ontem
Eu me perguntava
Por que passa as mesmas coisas?

Foi quando percebi
As barbaridades que nosso país
Sofre todo dia

Antigamente acreditava que tudo não passava
De um filme de terror

De um filme de terror

Ermanno Noboru Medeiros