domingo, 19 de julho de 2020

A Esperança andou entre nós!


Antes de tudo
Olhar para Ti naquele momento
Ainda havia esperança
Dentro do meu peito queimava ainda
Tentava com toda força acreditar ainda

Ver Seu rosto desfigurado
Sua carne dilacerada
Mas ainda tentava acreditar que Você iria vencer

Ver o Teu corpo pregado na madeira
A lança perfurando Sua barriga
Tudo isso perturbava minh’alma

No fundo eu acreditava
Que algo iria acontecer
Fogo iria cair do céu
Os anjos iriam derrubar tudo
O chão ia fender
Que desespero!
Por que não acontece nada?
Por quê?

Ver eles carregarem Seu corpo sem vida
Ver o Seu corpo ser enrolado nos panos
Ver o Seu corpo ser colocado no túmulo
Ver a porta do Seu túmulo ser selada
Ver tudo isso
Destruiu a minha’alma

Dentro de mim
Não há mais no que acreditar
A nossa chance perdida
A nossa vitória esvaída
A nossa esperança está morta!

Se passando três dias
No que deveríamos acreditar?
No que deveríamos lutar?
Afinal, não há mais no que acreditar
Não há mais motivos para lutar

O que resta é voltar
Voltar para velha vida
Voltar para os velhos costumes
Voltar para nossas origens

Não sei qual o motivo
Mas em meu coração ainda queimava
Um pouco de fé
Talvez no fundo
Havia algo que gritava
Gritava para continuar
Gritava para acreditar

Como sem perceber
Você do nada começou a falar
E cegado pelos fatos
Relutei a acreditar

Pacientemente me acompanhou
Andou comigo
Em cada passo que eu dei
Você estava lá

Ouvir Tua voz me trazia lembranças
Lembranças dos dias que andamos juntos
Lembranças do Seu legado
Lembranças de tudo aquilo que Você fez

Aos poucos a pequena chama foi se alastrando
Aos poucos meus olhos iam se abrindo
Aos poucos Sua voz tornava-se mais audível

Em um simples gesto
O gesto que tipificava Sua persona
O gesto de partir e compartilhar o pão
Consegui ver as marcas
As marcas do amor

Em meu coração queimava
E sem demora me prontifiquei
Corri desesperadamente aos meus amigos
E ao longo do caminho eu gritava:

Minha Esperança está viva!


Ermanno Noboru Medeiros