Antes de
tudo
Olhar para
Ti naquele momento
Ainda havia
esperança
Dentro do
meu peito queimava ainda
Tentava com
toda força acreditar ainda
Ver Seu
rosto desfigurado
Sua carne
dilacerada
Mas ainda
tentava acreditar que Você iria vencer
Ver o Teu
corpo pregado na madeira
A lança
perfurando Sua barriga
Tudo isso perturbava
minh’alma
No fundo eu
acreditava
Que algo
iria acontecer
Fogo iria
cair do céu
Os anjos
iriam derrubar tudo
O chão ia
fender
Que
desespero!
Por que não
acontece nada?
Por quê?
Ver eles
carregarem Seu corpo sem vida
Ver o Seu
corpo ser enrolado nos panos
Ver o Seu
corpo ser colocado no túmulo
Ver a porta
do Seu túmulo ser selada
Ver tudo
isso
Destruiu a
minha’alma
Dentro de
mim
Não há mais
no que acreditar
A nossa
chance perdida
A nossa vitória
esvaída
A nossa
esperança está morta!
Se passando
três dias
No que deveríamos
acreditar?
No que deveríamos
lutar?
Afinal, não
há mais no que acreditar
Não há mais
motivos para lutar
O que resta
é voltar
Voltar para
velha vida
Voltar para
os velhos costumes
Voltar para
nossas origens
Não sei qual
o motivo
Mas em meu
coração ainda queimava
Um pouco de
fé
Talvez no
fundo
Havia algo
que gritava
Gritava para
continuar
Gritava para
acreditar
Como sem
perceber
Você do nada
começou a falar
E cegado
pelos fatos
Relutei a
acreditar
Pacientemente
me acompanhou
Andou comigo
Em cada
passo que eu dei
Você estava
lá
Ouvir Tua
voz me trazia lembranças
Lembranças
dos dias que andamos juntos
Lembranças
do Seu legado
Lembranças
de tudo aquilo que Você fez
Aos poucos a
pequena chama foi se alastrando
Aos poucos
meus olhos iam se abrindo
Aos poucos
Sua voz tornava-se mais audível
Em um
simples gesto
O gesto que
tipificava Sua persona
O gesto de
partir e compartilhar o pão
Consegui ver
as marcas
As marcas do
amor
Em meu
coração queimava
E sem demora
me prontifiquei
Corri desesperadamente
aos meus amigos
E ao longo
do caminho eu gritava:
Minha
Esperança está viva!
Ermanno Noboru Medeiros
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