segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Troféu de Ossos


Vibramos!
Quando vimos nossos inimigos cair
Gritamos!
Quando a bomba dizimou uma nação
Pulamos!
Quando a bala rasgou a carne humana

Rimos!
Quando alguém definhou em uma maca
Brindamos!
Quando empilhamos os cadáveres
Comemoramos!
Quando quebramos os ossos deles

Ridicularizamos!
Quando alguém abraçou
Vaiamos!
Quando alguém entregou uma flor
Xingamos!
Quando alguém perdoou

Até quando
Vamos construir altares de cadáveres?
Até quando
Vamos nos banhar em sangue?
Até quando
Vamos massacrar os inocentes?
Até quando
Vamos ridicularizar a paz?
Até quando
Vamos menosprezar o amor?
Até quando
Vamos nos gloriar dos nossos troféus de ossos?
Até quando?

Construímos vários altares de cadáveres
Brindamos com sangue
O som da bomba
Que varria os fracos da terra
Enquanto dançávamos ao som das armas

Erguemos seus ossos
Como um sinal de gloria
Como um sinal de poder
Exibimos as suas feridas
Como um sinal de superioridade
Banhamos em seus sangues
Como um sinal de vitoria

Até quando
Vamos construir altares de cadáveres?
Até quando
Vamos nos banhar em sangue?
Até quando
Vamos massacrar os inocentes?
Até quando
Vamos ridicularizar a paz?
Até quando
Vamos menosprezar o amor?
Até quando
Vamos nos gloriar dos nossos troféus de ossos?
Até quando?





Ermanno Noboru Medeiros

Um Singelo Pedido


O que mais assombra o meu ser
E olhar nos olhos de uma criança,
Em um período de guerra e caos,
Cujo pai se encontra no campo de batalha,
Ela simplesmente fala:
Eu sei que o meu papai vai voltar!

Muitos apontam o dedo
E falam tolamente:
Essa criança é desprovida de sabedoria!
Pois mal sabe que seu pai não tem chance de sobreviver!
Pois essa guerra é selvagem e violenta!

Ela passa noites olhando o horizonte
Esperando o retorno do seu pai
Sem ao menos piscar seus pequenos olhos
Sem ao menos dar trela para o sono

Essa esperança!
É essa esperança,
Que abala o meu ser!
Pois como um pequeno ser
Pode ser mais forte nas promessas
Do que um adulto que possui um vasto conhecimento?

Como pode
A esperança ser maior dentro delas?
Como pode
Eu, um homem provido de todas as experiências,
Deixar morrer uma promessa?

Oh Deus!
Tudo o que lhe peço
É que não deixe minha esperança morrer!
Não deixe minha fé esfriar!
Não deixe meu coração parar!

Oh Deus!
Assim como nesse pequeno ser
Cria dentro de mim,
Uma esperança imortal

Oh Deus!
Tudo o que lhe peço
É que não deixe minha esperança acabar!
Não deixe a promessa quebrar!
Não deixe a razão dominar!

Oh Deus!
Tudo o que lhe peço
É um singelo pedido
Quero um coração!
Um coração como de uma criança!
Um coração com esperança!

Oh Deus!
É tudo o que lhe peço!
Um singelo pedido!
Não deixe minha esperança morrer!






Ermanno Noboru Medeiros

sábado, 28 de julho de 2012

O Grande Campo Aberto


Preso em meu pequeno mundo
Acredito que sou poderoso
Que não preciso de nada
Que posso tudo
E domino tudo

Mas quando abro a porta
E vou para o grande campo
Olha para o grande céu sobre a minha cabeça
E para infinito horizonte onde a terra se estende

Percebo que não sou nada
Percebo que sou pequeno
Percebo que sou fraco
Percebo que sou insignificante

Percebo que não sou nada sem Você
Percebo que sou pequeno sem Você
Percebo que sou insignificante sem Você
Percebo que preciso de Você

Quando estou em meu pequeno mundo
Esqueço-me da imensidão do campo
Esqueço que sou pequeno

Mas quando abro a porta
Dou-me conta que sou pequeno
E que sou apenas um ponto nesse grande campo
Percebo que não sou nada
Percebo que não sou nada sem Você

Percebo que não sou nada
Percebo que sou pequeno
Percebo que sou fraco
Percebo que sou insignificante

Percebo que não sou nada sem Você
Percebo que sou pequeno sem Você
Percebo que sou insignificante sem Você
Percebo que preciso de Você

Ermanno Noboru Medeiros

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Desenho Escondido


(Poesia recomendada para pessoas com baixo autoestima )

Olhe para uma folha de papel em branco
O que você está vendo?

Você pode me falar
Que ela está vazia
Que ela está sem alegria
Que ela não tem valor

Mas eu vou falar pra você
O que estou vendo

Estou vendo uma paisagem
Estou vendo um lindo desenho
Estou vendo uma poesia escrita
Estou vendo um lindo quadro

Uma folha de papel em branco
Não é algo inútil
Ela tem uma beleza enorme
Mas precisa colocar pra fora

Todos podem olhar pra você
E falar
Que você é vazio
Que não possui uma beleza
Que não possui valor
Que não possui uma perspectiva do futuro

Mas quando olho pra você
Vejo um lindo desenho

Que precisa apenas ser colocado pra fora





Ermanno Noboru Medeiros

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O Desespero Perturbador


Não há maior desespero
Do que ver a sua vida acabando
E olhar pra trás
E perceber que não fez nada
Para mudar essa realidade

Não há nada mais perturbador
Do que olhar nos olhos de uma criança
Que deposita a sua fé em você
E você jogar no lixo a sua esperança
E decepcionar aquele pequeno ser

Não há maior desespero
Do que relembrar a nossa historia
E observar
Que quando a ordem era destruída
Você apenas assistia

Não há nada mais perturbador
Do que ver
Que você não fez nada para parar
O sofrimento
Daquelas pobres crianças

Não há desespero maior
Ver a vida acabando
É perceber que poderia ter feito diferente
E não fez
E observa que não há mais tempo
Não há mais tempo
De se livrar desse perturbador desespero





Ermanno Noboru Medeiros