domingo, 22 de novembro de 2020

Olhos no Céu

Procurei em todo mundo

Um recanto

Um conforto

Um lugar para chamar de lar

Porém não encontrei

 

Achei somente

Dor e rejeição

Me acusaram

Por não ser daqui

 

O pouco do que experimentei

Não me saciou

Me enojou

Era raso e sem gosto

 

Onde encontrarei

Amor que me satisfaz?

 

Meus olhos correram pelo horizonte

Nada encontrei nessa terra

Para onde olharei?

Para onde irei?

 

Olho para o céu

E lá vejo meu socorro

Minha razão de viver

Meu lar

Minha esperança

 

Meus olhos não cansam

De admirar a infinidade

De contemplar O perfeito amor

O Único e Infinito

Aquele que me acolhe na tormenta

E me socorre na dor

 

Ainda que esse finito e vazio mundo me odeie

Ainda que não me haja um lar de descanso e acolhimento

Não me abalarei

Pois meus olhos estão no céu

E é pra lá que quero estar

É de lá que vêm

O motivo para continuar

 

De todos os olhares

De todas as atenções

A única que eu anseio atrair

É o Teu olhar

Quero a Tua atenção

Quero olhar os céus e ver Você me olhar

 

Louco fui chamado

Acusado e condenado

Porém eu gritarei

Para todos ouvidos

O amor desse mundo não é nada!

Pois o que quero está no céu!

 

Ser odiado é um pequeno preço

A se pagar

Pelo infinito amor

 

Como um inocente cordeiro

Humilhado e desprezado

Seguirei os passos do meu Amado

Seguirei os passos de Cristo

Pois o que espero há de vir

Pois o que anseio há de chegar

Está no céu

É pra lá que eu olho

 

Meus olhos estão no céu!

 

 

 

Ermanno Noboru Medeiros

domingo, 15 de novembro de 2020

Tempo ao Tempo

 Irmãos, qual o motivo de vossa tristeza?

Irmãos, por que andam abatidos?

O que tem agitado seus corações?

Por qual motivo tomaram para si toda a ansiedade?

 

Irmãos, vivemos constantemente

Mergulhados em uma rotina tão agitada

Porém não podemos esquecer

O precioso valor da paciência

 

Porventura há alguém que controle o fluxo do tempo?

Há alguém que por sua própria força foi capaz de mover os ponteiros do relógio?

Entre vocês, há alguém que em um estalar de dedo, foi capaz de virar o dia?

 

Irmãos, contemple as arvores que povoam o horizonte

Por acaso algum de vocês sabem o dia exato da semeadura?

Suponho em meu interior que há árvores mais antiga que nossos antepassados

Mas elas estão no horizonte

Frutificando e multiplicando

 

Irmãos, reflitam entre vocês

Há alguma semente plantada ontem que hoje já produz fruto?

Há alguém entre vocês capaz de realizar tal feito?

 

Irmãos, ainda que seja uma árdua tarefa

Gravem isso no coração de vocês

Não há motivos para o desespero

E muito menos para a ansiedade

 

A árvore em seu devido tempo

Florescera

E na morte de suas flores

Os frutos hão de vir

Acalmem seus corações e esperem pelo tempo certo

 

O galho quebrado pelo vento não representa a morte definitiva

No tempo certo

Haverá de nascer dois ou mais galhos

Que irão frutificar no tempo certo

 

Irmãos, pelo desespero de vocês

Amargam suas bocas e enojam seus estômagos

Com frutos imaturos e pouco desenvolvidos

Porém, alerto todos vocês

O paciente irá adoçar sua boca e saciar sua fome

Com frutos doces e suculentos

Em seu devido tempo

 

Não há nada mais saboroso nessa vida

Que a fruta amadurecida em seu devido tempo

Não há nada mais agradável nesse mundo

Que os acontecimentos no seu devido momento

 

Ainda que a ansiedade grite em suas mentes

Ainda que seja difícil acreditar

Perseverem na paciência

Tudo há de mudar

Tudo há de acontecer

Tudo há de amadurecer

 

Irmãos, diante tantos argumentos

Questiono novamente

Irmãos, por que estão ansiosos com o que há de vir?

 

 

 

 

Ermanno Noboru Medeiros

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Paradoxo ambulante

 Perdia a conta

Das vezes que eu prometi a mim mesmo

Que não retornaria nesse ponto

Cá estou eu novamente

Gritando contra o espelho

 

Prometi várias vezes

E cá estou eu novamente

Prostrado contra o chão

Com as mãos sujas de sangue

Do crime que prometi parar

 

Me contorço e retorço

O discurso sai tão belo

Porém minhas vis atitudes me condenam

Ainda vejo o mesmo monstro

Dentro de mim

 

Andei por toda terra

Como um andarilho

Tentando encontrar algo

Que me tornasse digno

 

Quanto mais eu pensava

Mais eu me via

Como alguém indigno

Desse perfeito Amor

 

Desesperadamente tento arrancar

Todos os meus espinhos

Não quero machucar ninguém

Não quero ferir os que me rodeiam

Mas os espinhos insistem em crescer

 

Em um mundo cheio de megafones

Somos inundados com belos discurso

Porém esse mundo é maculado

Com horrendas atitudes

 

Belas e ornadas mascaras

Escondem os piores monstros

O doce e agradável perfume

Tenta acobertar o pútrido cheiro

 

No fundo eu não posso de um paradoxo ambulante

Relutante contra sua própria natureza animalesca

A diária luta contra o inconsciente eu

 

Levanto meus olhos inundados em lagrimas aos céus

Brando o grito mais profundo da minha alma

Peço a Ti, meu Senhor eterno que mora no reino celestial

Cale a voz do meu monstro interno

Arranque o me separa de Ti

 

Sei que por vezes, não fiz por merecer

O Teu infinito e perfeito amor

Mas tudo o que Te peço

Não aparte Teu Espirito de mim

 

Mesmo tento ciência que sou indigno

Te peço para morar em Teu reino

Mesmo que seja para estar repousado eternamente em Teus pés

Ainda assim o Teu reino é onde quero estar

 

Pai Eterno e Celestial

Perdoa teu filho por ser um paradoxo

Faça o meu agir ser tão bom quanto as palavras

 

 

 

 

 

Ermanno Noboru Medeiros

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Sejamos pacientes

 

Filho, por qual motivo teu coração está agitado?

Filho, o que rouba tua paz?

 

Escuto isso do meu Pai Eterno e Celestial

O Dono de todo tempo

O Senhor soberano por toda era

Aquele que o relógio obedece

Aquele cuja voz é ordem no universo

 

Meu coração ansioso

Agitado

E perturbado

Anseia e deseja

Invejavelmente

Os manjares desse fútil mundo

 

Mas meu Pai que habita no trono celestial

Olha pacientemente para mim

E me questiona:

Filho, qual o motivo para tua ansiedade?

 

Confiar nas promessas do Eterno Pai

É muito mais que é acreditar

É viver

É viver sabendo

Demore o que tiver que demorar

Mas uma hora irá chegar

 

O amor do nosso Eterno Pai

É tão imenso

Ao ponto Dele nos oferecer os bons e maduros frutos

O Pai quer que aproveitemos ao máximo seus frutos

O ápice da doçura e do sabor

Mas ansiosos

Devoramos frutos verdes e amargos

 

Ainda que o mundo te pressione

Ainda que o mundo insista

Permaneça nas promessas do nosso Pai

Uma hora há de vir

Uma hora há de acontecer

 

Sofremos por não entender

Sofremos por não esperar

Sofremos por não escutar

 

Temos apenas duas mãos

E mesmos assim insistimos em carregar pesadas pedras

Apenas abro minhas mãos

E corro apressadamente

Para segurar as mãos do Eterno Pai

 

Não sei o tempo que irá levar

Não tenho ideia do que irei passar

Mas feliz eu caminho por aqui

Pois seguro nas mãos Daquele que me amou

Estou em companhia do Dono do tempo

 

Ainda que o mundo me julgue

Ainda que o mundo me pressione

Encherei meu coração de paciência

Pois vivo no tempo

No tempo do meu Amado Eterno Pai

 

 

 

Ermanno Noboru Medeiros