sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O crescer de uma planta


Meu amor,
Não precisa se preocupar
Não precisa se precipitar

Meu amor
Entenda uma coisa

O que é pra ser
Será
E não há ninguém nessa terra
Que impeça
Ou interrompa

O que é pra ser
Vai acontecer
Da maneira mais
Natural
Sem que saibamos

O que é pra ser
Será inesquecível
Da maneira mais doce
Que você possa sentir

O que é pra ser
Vai acontecer
Devagar
Apossando aos poucos

O que é pra ser
Será como o crescer
De uma planta
Que cresce lentamente,
Que vai fortificando aos poucos
Até se tornar grande e forte
Que nem o vento derruba

Meu amor
O que é pra ser
Será
Como o crescer de uma planta
Ermanno Noboru Medeiros

Fruto do Trabalho


Sinto dor
Mas que dor é essa?
Dor de ferida?
Ou dor de lágrima?

Não
É uma dor diferente
Uma dor que se sente
No fundo do coração amargurado
Uma dor sentida
Ao presenciar
A sociedade quebrada

Uma dor
Que me sufoca

Uma dor
Que tira a paz

Quero gritar
Quero falar
Quero chorar
Quero brigar

Mas

Do que adianta gritar
Sendo que ninguém
Vai ouvir

Do que adianta falar
Sendo que ninguém
Vai pensar

Do que adianta chorar
Sendo que ninguém
Vai parar

Do que adianta brigar
Sendo que ninguém
Vai mudar

Por isso eu ando,
Ando,
Ando

E semeio

Semeio
Pequenas sementes
Ao longo
Dessa estrada

Jogo as sementes
Á terra
Com a esperança
Que germinem
Um dia

Todos perguntam:
“mas você
Não vai comer
De suas plantas?”

Não,
Não trabalho pra mim
Mas
Pro futuro
Para aqueles que virão
Para a próxima geração

Pois
Não mudarei
O mundo
Com discursos,
Teorias
Ou palavras no ar

Mas
Mudarei a sociedade
Com pequenos Atos
Singelos Atos de Amor



Ermanno Noboru Medeiros

Novamente Sozinho em outro Plano


Onde estão vocês?
Onde estão todos vocês?
Onde estão?
Onde?

Novamente,
O Vento da solidão
Sopra nesse plano
Vazio

Eram muitos
Hoje são poucos
Para ser sincero
Somente eu

Por quê?
Por que vocês sumiram?
Por quê?
Por que todos desapareceram?

Onde está
As palavras ditas naquele dia?
Onde está
As promessas prometidas naquele dia?
Onde está
O discurso discutido naquele dia?

Onde está?

Todos eram cheios de energia,
Cheios de força,
Cheios de ânimo

Hoje não passam
De animais
Mortos sem espírito

O anelo
Pela bonança
Fizeram abrir mão
Da guerra,
Da batalha

Faltava pouco,
Faltava muito pouco,
Faltava um passo,
Faltava um inimigo

Vejam,
Abriram mão de tudo
Para viver no nada
E o que ganharam?

Não havia espaço
Pois
Havia muitos

Hoje,
Há vários lugares
Vazios

Por quê?

Por que abrir mão
De uma guerra ganha?

Por quê?

Será o hedonismo
Mais saboroso
Que a vitoria?

Estou cansando
Estou fadigado
Mas não derrotado

Vou continuar
Vou lutar
Vou ganhar

Pois logo
Encontrarei
A saída desse mundo

E novamente
Os sonhos foram mortos
E novamente
Estou sozinho em outro plano





Ermanno Noboru Medeiros

sábado, 12 de novembro de 2011

Puzzle Clown


Puzzle é um palhaço, como qualquer outro, ele fazia brincadeiras, contava piadas, fazia todos rirem, enfim, Puzzle aparentava ser um palhaço normal.
Mas Puzzle era diferente dos demais. Como o próprio nome sugere, Puzzle era um palhaço feito de quebra-cabeça. Seu corpo é todo feito por peças, isso fazia com que ele fosse especial. As pessoas que viam, acreditavam que era um tipo novo de maquiagem, mas ele nem ligava, conseguindo cumprir o seu objetivo era o que importava para Puzzle.
No entanto, por mais que Puzzle tivesse uma face risonha ou sempre estar alegre e bem humorado, havia algo que incomodava Puzzle.
Enquanto todos não estavam olhando, Puzzle chorava, pois sentia dor, sentia um vazio.
Pois Puzzle tinha um problema que escondia de todos, faltava uma peça.
Sim, faltava apenas uma peça para Puzzle ser completo, era uma peça importante, pois sem uma peça o quebra-cabeça tornava-se inútil.
Puzzle procurava em cada canto, em cada lugar, com a esperança de um dia encontra a peça que completasse ele.

  


Qual é a peça que falta pra você ser completo?




Ermanno Noboru Medeiros

Era uma vez, nos três


É na morte, que as coisas fúteis da vida começam a perder o sentido. Você já parou pra pensar nisso? É sério, para pra pensar nesse momento, quantas coisas que você perdeu tempo indo atrás delas. Nossa vida é praticamente jogada no lixo, pois quase tudo que lutamos pra conseguir não passam de regalias que a sociedade diz ser importantes pra nós. Trocamos o que é de mais valioso para o nosso coração por coisas pequenas e sem sentidos.
Eu percebi tudo isso enquanto morria. Não é isso o que todos vocês estão pensando. Não era a morte do meu corpo físico, mas sim do meu corpo emocional. Foi uma morte bizarra e bem esquisita, uma morte o qual não esquecerei.
Meu antigo eu estava morrendo, pois troquei o meu banquete para fartar-me da podre carniça que essa terra oferece. Onde estava com a cabeça? Trocar o ouro e prata por um mero metal sem valor, se isso era um metal, parecia mais um pedaço de madeira podre cheio de cupim.
Eu precisava morrer, sim, eu precisava muito morrer. Pois a morte não é apenas ter seu coração sendo paralisado ou seu sistema nervoso sendo desligado, não mesmo, a morte é bem mais do que isso. A morte representa o fim de um tempo, o encerramento de um ato. A morte significa que algo vai embora e nunca mais voltara, nem mesmo que passe vários anos, nunca mais voltará.
Matar o meu antigo eu era abrir mão dos meus desejos e das minhas vontades, pois se coloco minha vontade acima de tudo, acabo ferindo os que estão do meu lado. Não é fácil abrir mão das coisas que supostamente de satisfaz por respeito á uma pessoa. Sabe por que isso acontece? Pelo simples fato que vivemos cegos em nosso próprio mundinho.
Lembra lá no começo quanto eu falei que é na morte que as coisas fúteis perder o sentido? Pois bem, pare pra pensar comigo, no dia que você morrer, você vai levar seu dinheiro? Você vai levar seus pertences caros? Você acha que vai poder usufruir de tudo isso além da linha da morte? Quanto mais velho fico, mais eu percebo que a sociedade tem ficado cada vez mais parecida com os egípcios, construindo verdadeiras pirâmides para usufruir de suas riquezas na morte. Já dizia um amigo meu, da vida só se leva o nome. Tudo o que você lutou pra conseguir aqui, vai ficar aqui e não com você. E quem vai usufruir disso serão as futuras gerações e não você.
Para matar o meu antigo eu, eu precisava enfrentar outro obstáculo, meu passado. Pois do que adianta matar o seu antigo eu e deixar o passado viver? Para continuar em frente, devemos superar os nossos erros e falhas, pois se não consigo evoluir e vencer os meus medos, não consigo ir em frente. Haverá sempre uma corrente do passado te puxando para trás.
Pois bem, era uma vez, nos três, eu, meu antigo eu e meu passado. Abri mão dos dois, para viver uma vida livre e sem medo de enfrentar as coisas que ainda vão aparecer. Abri mão, pois percebi que há algo mais importante do tudo isso.
Deixei morrer o meu antigo eu, pois eu queria que o novo eu nascesse, pois eu queria um novo tempo em minha vida.


Ermanno Noboru Medeiros

HeadShot


Estou em sua mira
Eu sei
Sou seu inimigo

Não posso fazer nada
Você foi ordenado
A fazer isso

Isso vem de dentro de você
Isso vem da ordem do seu general
Isso vem do seu instinto

Eu sou apenas
Mais um corpo
No meio do campo

Você já matou vários
Que nem lembra
De suas faces de dor

Serei apenas
Mais um risco
Em sua pontuação

Feche seus olhos
E puxe o gatilho
E esqueça
Que eu tenho uma vida

Feche seus olhos
E puxe o gatilho
E esqueça
Que eu tenho uma família

Mire em minha cabeça
Atire

Assim terei uma morte rápida
E não poderei revidar
Não poderei te atacar
Não poderei te entregar

Mire em minha cabeça
Pois será um golpe fatal
Um único golpe fatal

Por isso

Feche seus olhos
E puxe o gatilho
E esqueça
Que eu tenho uma vida

Feche seus olhos
E puxe o gatilho
E esqueça
Que eu tenho uma família

Esqueça
O fato que meus filhos sentirão minha falta
Esqueça
O fato que minha esposa me espera
Esqueça

Meus filhos sentirão minha falta
Não estarei com eles
Para cuidar e amar

Mas para você
Isso não importa

Pois sou apenas mais um corpo morto
Pois sou apenas mais um mero soldado
Pois sou apenas mais um risco em sua pontuação

Então

Feche seus olhos
E puxe o gatilho
E esqueça
Que eu tenho uma vida

Feche seus olhos
E puxe o gatilho
E esqueça
Que eu tenho uma família

Feche seus olhos
E puxe o gatilho





Ermanno Noboru Medeiros