sábado, 24 de março de 2012

Caco de Vidro


Olhos preconceituosos
Me acusam
Por causas das feridas
Que um dia ganhei

Tentei proteger
Aqueles que eu amava
Tentei salvar
Aqueles que estavam
Ao meu lado

Mas
O que eu recebi
Foram acusações

O corte
Com o caco de vidro
Tentando proteger alguém
E eles falam
Que eu estava
Em uma briga de gangue

Olhos preconceituosos
Me acusam
Pelas cicatrizes
Que ganhei
Protegendo quem eu amo

Fui criticando
Quando tomei socos
Tentando proteger
Meus amigos

Fui xingado
Quando eu segurei as flechas
Que atiraram
Contra a minha família

Fui acusado
De delinquente
De marginal
Até de demente
Tentando defender
Aqueles que são importantes
Pra mim

O corte
Com o caco de vidro
Tentando proteger alguém
E eles falam
Que eu estava
Em uma briga de gangue

Olhos preconceituosos
Me acusam
Pelas cicatrizes
Que ganhei
Protegendo quem eu amo

Um simples corte
Com um caco de vidro
Foi motivo
Para apontar o dedo
E dizer que sou um mau exemplo
Para suas crianças

Tentando proteger
Aqueles que eu amo
Das armas
Que foram criadas
Pelos acusadores

O corte
Com o caco de vidro
Tentando proteger alguém
E eles falam
Que eu estava
Em uma briga de gangue

Olhos preconceituosos
Me acusam
Pelas cicatrizes
Que ganhei
Protegendo quem eu amo


Ermanno Noboru Medeiros

quinta-feira, 22 de março de 2012

Apocalipse Zumbi


A epidemia espalhou
Através de uma caixa de madeira
Que mostrava
Imagens aleatórias
Com um ruído
Em um ritmo viciante

Aquilo apossava
Da mente
Do cérebro
De todos nos

Preguiça de pensar?
Talvez não
Estava morrendo
Minhas funções
Se acabavam

Viver
Como um pedaço de carne
Ambulante
Sem sentido
Ou direção

Pensar?
O que seria pensar?
Algo que não conseguíamos mais

Saciar
Os nossos desejos
Sim,
Esse é o objetivo de todos

Andar
Sem um sentido
Andar
Seu um rumo

Andar
Andar
Andar

Comer
Pra sobreviver
Para poder
Comer

Sem sentido
Nem sei
Se posso me chamar
De vivo

Seria eu
Um morto
Esperando
O enterro?

Viver
Sem pensar
Ou sonhar
Qual o sentido?

Zumbi
Após ver
Aquelas imagens
O que me prende
No sofá

Preguiça de pensar?
Acho que não
Talvez eu já esteja morto
Como todos os outros

Meu cérebro
Está atrofiando!
Não,
Ele está apodrecendo

Por quê?
Por que eu deixei
Que me contaminassem
Por quê?

Zumbi
Somos
Talvez
O fato de não estarmos raciocinando

Zumbi
Andando sem rumo
Fazendo o possível
Para adiar
Os nossos enterros

Zumbi
Sem expressão
Ou sentimento
Ou sei lá
Só sei
Que não conseguimos pensar mais

O apocalipse zumbi
Começou
Depois
Que ligamos
Aquela estranha caixa
Começou
Depois
De deixarmos que eles nos controle se









Ermanno Noboru Medeiros

quarta-feira, 21 de março de 2012

As Trevas das Dúvidas


Sim,
Estava tudo escuro
Mal se podia ver
As coisas na minha fronte

Minha mente
Traçou uma linha
Uma linha lógica
Fechar os olhos
Já que não eram necessários

Mas ao fechar
Alguém falou:
Abra seus olhos!

Logo respondi:
Por qual motivo?
Não há trevas?
Do que adianta
Permanecer com os olhos abertos
Já que não posso ver nada?

Novamente ela falou:
Abra seus olhos!

Sem falar mais nada
Em um ato de confiança
Abri meus olhos

Meu coração
Que estava agitado
Logo acalmou

Era sobrenatural
A cena
Que presenciei

Vi uma pessoa
Em cima de tudo
Cheio de glória
Que radiava uma luz
Uma luz serena
Que acalmava meu espírito

Essa pessoa
Cantava
Uma doce canção
Que me fazia querer
Ouvir mais dela

Aquilo me guiava
No meio das trevas
Aquela voz
Acalmava
O grande oceano agitado
Que havia dentro do meu ser

Olhei para os lados
Varias pessoas
Continuavam
Com seus olhos fechados
Com medo das trevas

Mas eu
Eu não me cansava
De ficar com os olhos abertos
Olhado aquela cena

Aquela melodia
Fazia-me esquecer
Das minhas duvidas
Dos meus medos,
E principalmente
Fazia-me esquecer
Das trevas que havia em volta de mim





Ermanno Noboru Medeiros

domingo, 18 de março de 2012

Parafusos Perfeitos na Máquina Formadora de Preconceitos


Como em uma linha
De montagem
Fomos feitos
Parafusos sob medida
Com um único propósito
Não podemos ser mais nada
Não podemos ser o que queremos

Somos parafusos
Que segura
Uma enorme máquina
Cujas engrenagens
Espreme o suco vital
Se aparece um parafuso defeituoso
O chefe descarta
E logo substitui por outro

Meu pai quer que eu ganhe dinheiro
Minha mãe quer que eu seja feliz
Minha sociedade
Quer que eu seja um parafuso

Nessa linha de montagem
Não temos tempo
Para parafusos defeituosos

Se aparecer um
O chefe simplesmente
Joga o fora
E coloca um perfeito no lugar

Somos todos normais
Seguimos uma matriz
Seguimos um padrão
Sem falar nada
Sem demonstrar nada

Se dermos sinais de anomalia
O chefe nos descarta
E substitui por outros perfeitos

Somos parafusos
Que segura
Uma enorme máquina
Cujas engrenagens
Espreme o suco vital
Se aparece um parafuso defeituoso
O chefe descarta
E logo substitui por outro

No começo da linha
Aprendemos
A não aceitar
Parafusos anormais

Somos ensinados
A rejeitar
Qualquer anomalia

Pois o chefe
Quer resultados
Ele quer lucro

Por isso
Não temos tempo
Para perder
Com parafusos anormais

Somos parafusos
Que segura
Uma enorme máquina
Cujas engrenagens
Espreme o suco vital
Se aparece um parafuso defeituoso
O chefe descarta
E logo substitui por outro

Somos iguais
Somos normais
Somos parafusos
Segurando uma máquina formadora de preconceitos





 Ermanno Noboru Medeiros

Autonomia Humana


Tudo anda sozinho
Tudo se faz sozinho

A poesia se escreveu
A musica se compôs
A planta se plantou
O morro se ergueu
O prédio se construiu
O conhecimento se conheceu
O experimento se experimentou
A doença se curou

O mundo não precisa
Do humano
Pois o mundo
Tornou-se autônomo
Do humano




Ermanno Noboru Medeiros