quinta-feira, 22 de março de 2012

Apocalipse Zumbi


A epidemia espalhou
Através de uma caixa de madeira
Que mostrava
Imagens aleatórias
Com um ruído
Em um ritmo viciante

Aquilo apossava
Da mente
Do cérebro
De todos nos

Preguiça de pensar?
Talvez não
Estava morrendo
Minhas funções
Se acabavam

Viver
Como um pedaço de carne
Ambulante
Sem sentido
Ou direção

Pensar?
O que seria pensar?
Algo que não conseguíamos mais

Saciar
Os nossos desejos
Sim,
Esse é o objetivo de todos

Andar
Sem um sentido
Andar
Seu um rumo

Andar
Andar
Andar

Comer
Pra sobreviver
Para poder
Comer

Sem sentido
Nem sei
Se posso me chamar
De vivo

Seria eu
Um morto
Esperando
O enterro?

Viver
Sem pensar
Ou sonhar
Qual o sentido?

Zumbi
Após ver
Aquelas imagens
O que me prende
No sofá

Preguiça de pensar?
Acho que não
Talvez eu já esteja morto
Como todos os outros

Meu cérebro
Está atrofiando!
Não,
Ele está apodrecendo

Por quê?
Por que eu deixei
Que me contaminassem
Por quê?

Zumbi
Somos
Talvez
O fato de não estarmos raciocinando

Zumbi
Andando sem rumo
Fazendo o possível
Para adiar
Os nossos enterros

Zumbi
Sem expressão
Ou sentimento
Ou sei lá
Só sei
Que não conseguimos pensar mais

O apocalipse zumbi
Começou
Depois
Que ligamos
Aquela estranha caixa
Começou
Depois
De deixarmos que eles nos controle se









Ermanno Noboru Medeiros

Um comentário:

  1. A partir do momento em que precisamos disso para nosso dia ficar mais "completo" estamos abrindo mão do que de fato é precioso pra gente: o raciocínio. Mas é confortante saber que há sim outras formas de vivermos. Uma forma alternativa onde tentamos ao máximo não depender dessas coisas "zumbilescas". Tenho muito respeito por pessoas assim.

    Parabéns pelos poemas. Que chegue o 100! haha.... Abraço!

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