A epidemia espalhou
Através de uma caixa de madeira
Que mostrava
Imagens aleatórias
Com um ruído
Em um ritmo viciante
Aquilo apossava
Da mente
Do cérebro
De todos nos
Preguiça de pensar?
Talvez não
Estava morrendo
Minhas funções
Se acabavam
Viver
Como um pedaço de carne
Ambulante
Sem sentido
Ou direção
Pensar?
O que seria pensar?
Algo que não conseguíamos mais
Saciar
Os nossos desejos
Sim,
Esse é o objetivo de todos
Andar
Sem um sentido
Andar
Seu um rumo
Andar
Andar
Andar
Comer
Pra sobreviver
Para poder
Comer
Sem sentido
Nem sei
Se posso me chamar
De vivo
Seria eu
Um morto
Esperando
O enterro?
Viver
Sem pensar
Ou sonhar
Qual o sentido?
Zumbi
Após ver
Aquelas imagens
O que me prende
No sofá
Preguiça de pensar?
Acho que não
Talvez eu já esteja morto
Como todos os outros
Meu cérebro
Está atrofiando!
Não,
Ele está apodrecendo
Por quê?
Por que eu deixei
Que me contaminassem
Por quê?
Zumbi
Somos
Talvez
O fato de não estarmos raciocinando
Zumbi
Andando sem rumo
Fazendo o possível
Para adiar
Os nossos enterros
Zumbi
Sem expressão
Ou sentimento
Ou sei lá
Só sei
Que não conseguimos pensar mais
O apocalipse zumbi
Começou
Depois
Que ligamos
Aquela estranha caixa
Começou
Depois
De deixarmos que eles nos controle se
Ermanno Noboru Medeiros
A partir do momento em que precisamos disso para nosso dia ficar mais "completo" estamos abrindo mão do que de fato é precioso pra gente: o raciocínio. Mas é confortante saber que há sim outras formas de vivermos. Uma forma alternativa onde tentamos ao máximo não depender dessas coisas "zumbilescas". Tenho muito respeito por pessoas assim.
ResponderExcluirParabéns pelos poemas. Que chegue o 100! haha.... Abraço!