quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ebulição Sangüínea

Parecia mais um dia normal, cheguei em casa depois de um dia cansativo no trabalho. Percebi que minha mulher não tinha chegado do trabalho e fui pegar uma camiseta no armário.
Enquanto eu mexia nas roupas, bati sem querer em um objeto no fundo da gaveta. Logo de cara percebi que era algo feito de metal, pois estava gelado.
Fui cavando um buraco no meio das roupas, estava curioso. O que um objeto metálico estaria fazendo no fundo da gaveta? Conforme tirava as roupas e jogavas ás longe, comecei a ver com mais clareza aquele estranho objeto.
Minha cabeça enchia de duvidas, será que minha mulher estava me traindo? Não, como um simples pedaço de metal pode comprometer meu casamento?
Foi quando eu finalmente consegui pega-lo, fui puxando meu braço bem devagar, do mesmo jeito que se tira algo de um poço. Conforme minha mão chegava mais perto da superfície, mais minha curiosidade aumentava.
Então aquele misterioso objeto revelou-se a mim, era uma arma.
Uma pistola 9 mm. Estava carregada, e era toda ornada com desenhos milenares.
Lembrei que tinha ganhado de herança, mas nunca goste destas coisas, nem vi a cor dela. Quem pegou ela foi minha mulher, tinha mandado ela esconder aquilo. Mas finalmente eu encontrei.
Aquele peso, o jeito que eu segurava. Algo foi tomando minha mente de pouco em pouco. Quando percebi, estava com um pequeno sorriso no rosto. Aquela arma em minha mão. Uma sensação louca percorria meu braço e chegava a minha cabeça. Eu tinha poder, eu tinha força.
Minha mente foi inundada com imagem de pessoas sendo baleadas, seu sangue, seu doce sangue quente espirando em minha face. Sentia um certo prazer em imaginar todo aquele sangue escorrendo por meio dos meus dedos e relando lentamente em minha papilas gustativas.
Comecei soltando um riso bem baixo, que foi aumento aos pouco até chegar em um estado de demência. Onde eu soltava gargalhadas cada vez mais fortes, enquanto minha mão segurava cada vez mais forte aquele pedaço de metal.
Só de imaginar o som das explosões da pólvora, aquilo era musica para meus ouvidos. O som das explosões acompanhado dos gritos de desespero das vitimas.
Aquilo tudo era muito prazeroso, isso me excitava cada vez mais. Conseguia sentir meu sangue fervendo, ou melhor, entrando em estado de ebulição.
Agora poderia em fim vingar a morte do meu pai, fazer justiça com as próprias mãos.
Agora sou poderoso.





Ermanno Noboru Medeiros

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