terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Garoto Esponja



Em um tempo onde a insensibilidade reinava nos corações das pessoas, nasceu um garoto bem diferente daqueles que o rodeava. Aquele garoto nasceu com um coração bem diferente, um coração semelhante a uma esponja, pois todo lugar que ele passava e havia algum sentimento pairando no ar, seu coração logo absorvia como uma esponja jogada em uma bacia cheia de água.
Aquele garoto sempre andava pelas escuras ruas da sua cidade e sempre observava as pessoas que ali ficava. E com o tempo ele começou a questionar alguns detalhes, pois havia coisas que ele não conseguia compreender, como o fato de homens tirarem a vida dos outros de maneira fria.
Ao mesmo tempo em que ele observava e questionava, seu coração ia absorvendo tudo o que havia naquele local. Seu coração absorvia qualquer coisa: dor da separação, fome, tristeza, angústia, agonia...
O mais interessante nesse garoto, era o fato que ele sabia como aquelas pessoas se sentiam, mesmo nunca ter passado por situação parecida. Como exemplo, a vez que ele entendeu a dor de uma mãe que perdeu seu filho, mesmo ele não tendo um filho.
Aquilo com o passar do tempo foi deixando ele louco, seu coração estava cheio de coisas ruim produzidas no interior da cidade. Aquilo foi trazendo uma sobrecarga no seu espírito e seu corpo começou a deteriorar.
Em um surto de desespero, esse garoto correu sem um rumo definido. E sem perceber ele estava fora da cidade e logo a sua frente havia um grande portão, a curiosidade o fez adentrar naquele estranho lugar. Era um enorme jardim de flores, flores que exalavam um aroma alegre.
Naquela hora esse garoto espremeu seu coração, escorreu por entre seus dedos um estranho liquido negro, era tudo aquilo que ele tinha absorvido. Mas logo o seu coração começou a absorver aquele alegre aroma exalado pelas flores, logo o seu coração ficou cheio de coisas simples.
E assim seguiu a vida do garoto esponja, ele ia ao jardim encher seu coração e depois voltava para cidade para regar o duro asfalto cinza, e quando seu coração estava cheio de coisas ruim, ele voltava para jardim para esvaziar e encher de coisas boas.





Ermanno Noboru Medeiros

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