Pinga o pingo todo tempo
Pinga o pingo sem parar
De pingo em pingo
O copo explodirá
A alma inchada
O corpo fadigado
Tudo uma bagunça
Uma tormenta caótica
Dúvidas permeiam minha mente
O pensamento desenfreado
O medo incontrolável
A carne treme sem parar
Como uma cachoeira
Uma torrente angustiante
Invade o interior
Extravasa agressivamente
Em uma chuva carmesim
Não é algo perceptível
Não é de uma só vez
São pequenas gotas
Como uma fina garoa
Que instante torna-se uma enxurrada
A coluna envergada
O peso insuportável
O desespero aflora
O medo é vindouro
Olhei para os céus
Quem há de interceder por minha causa?
Quem ouvirá minhas preces?
Quem aliviará meu fardo?
O medo da explosão
Que não é mais contida
O coração abalado que rasga
O tanto para desabafar
O tanto para falar
Olhei para os céus
Quem ouvirá meus lamentos?
Quem há de entender que humano sou?
Quem entenderá minha dor?
Pinga o pingo todo tempo
Pinga o pingo sem parar
De pingo em pingo
O copo explodirá
Ermanno Noboru Medeiros
Nenhum comentário:
Postar um comentário