sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O singular e plural


Estava andando
Pelo parque
Quando avistei
Um pai sentado em um banco
E seu filho brincando

Percebi uma face
De desgastado
Aproximei dele
E perguntei
“ Posso sentar?”
E ele respondeu
“Fica a vontade”

Fiquei um tempo em silencio
E nesse tempo
Ele soltou um suspiro
E olhou seu filho com olhos de melancolia

 “O que te aflige?”
Perguntei para aquele pai
“Um problema, um problema do meu filho!
 Ele não é como as outras crianças”
Disse aquele pai

Ouvindo isso
Tomei um pouco de fôlego
E falei

Você sabia que o ser humano é um paradoxo personificado?
Você sabia que ao mesmo tempo em que somos diferentes, somos iguais?
Você já parou pra pensar que somos singular e plural ao mesmo tempo?

Seu filho é singular
Pois não age como as outras crianças
Mas isso não é motivo de aflição
Pois ele também é igual a você
Ele ama, ele odeia, ele sente tristeza e felicidade
Caso alguém rejeite você, você não sentiria uma dor no coração?
É isso que seu filho também vai sentir
O que faz vocês dois iguais

É difícil entender cada pessoa
Pois somos paradoxos ambulantes
E nossas mentes são muito pequenas
Para entender tudo isso

Não deixe a aflição destruir esse laço de amor
Que você tem com seu filho
Pois não haverá outra oportunidade
Para consertar o erro
Pois ele é singular, ele é único e não haverá outro igual

Não deixe que algo tão pequeno te abale
Deixe o rio da vida fluir
E aproveite cada momento singular da melhor maneira possível
Pois o dia que esse rio secar
Só restara o cheiro da água
E a lembrança do arrependimento

Lembre-se
Somos singulares
E ao mesmo tempo plurais
Mas não esquente a cabeça tentando entender isso
Apenas viva
E não deixe acabar

Falando isso para aquele pai
Levantei
Despedi
E continuei a minha caminhada




Ermanno Noboru Medeiros

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