sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Peixinho fora do Mar



O que é isso?
Que mundo estranho é esse?
O que estou fazendo?

Não sei como vim parar aqui
Estou perdido em meio ao novo
Que sensação estranha
Uma atmosfera diferente do que vivia

Tudo me assusta
Tenho medo
Não conheço nada
Não estou acostumado

Logo vejo
Um diferente grupo
Que agia diferente a mim
Não sei como agir
Pois isso vai contra a minha natureza

Não consigo entender porque eles agem assim
Acho tudo tão estranho
Não consigo me acostumar

Estou com dificuldade de respirar
Meus pulmões não foram feito pra isso
Tenho dificuldade de enxergar
Meus olhos não foram feito pra isso
Tenho dificuldade de andar
Minhas pernas não foram feitas pra isso

Por que estou aqui?
A pergunta que não quer se calar
Meu anseio é voltar
Para a imensidão do mar
Sentir envolvido pela água salgada

Não nasci pra viver aqui
Fui feito pra voltar
Voltar para a imensidão do mar

Eu quero voltar


Ermanno Noboru Medeiros

Castelo de Cartas de Ferro



Castelo de cartas
Algo sensível e instável
Um leve toque
E tudo desaba

Um movimento mal calculado
As coisas saem do eixo
Levando um bom tempo para erguer
Exigindo uma sensibilidade aguçada

O coração do homem
Em momentos de fúrias
Personifica em castelos de cartas de ferro
Um breve toque e tudo cai
Em uma chuva de horror e terror
Ferro pesado que cai e fere

Uma instabilidade
Fruto de sentimentos desordenados
Girando em um turbilhão de ideias desorganizadas
Deixando uma superfície sensível
Ao simples toque pode cair e destruir
Tudo que está a sua volta

Momento de estresse
Uma raiva sem controle
Pressão exagerada

Um castelo de cartas de ferro
Dentro do coração humano
Um simples toque
E tudo desaba




Ermanno Noboru Medeiros

Uma Breve Análise da Bolha de Sabão



Uma bolha de sabão quando nasce
Ela logo começa a morrer
Ela só mantém viva quando está conectada com sua mãe
Pois quando ela se desprende ela entra em um processo de afinamento
Onde sua parede torna-se mais instável com o tempo

A bolha não morre quando estoura
Ela começa a morrer quando desconecta da sua mãe
Um processo lento de deterioração
Perdendo sua constituição
Estourando em uma chuva de água e sabão

Uma bolha pode englobar alguns materiais
Envolvendo e trazendo para o seu interior
Mas isso causa uma expansão no seu interior
Provocando uma afinação em sua parede
Diminuindo seu período de vida
A bolha tem um numero limitado de coisas pra carregar

Mas mesmo sabendo do seu fim trágico
A bolha não se excita e voa livremente pelo céu
Tentando com uma grande fé chegar o mais longe
Mesmo sabendo que desconectando de sua mãe ela começa a morrer
Ela se lança a explorar sem medo de estourar
Voando o mais longe

Assim é o humano

Não morremos quando paramos de funcionar
Começamos a morrer quando chegamos a esse mundo
Entramos em um processo de deterioração
Podendo englobar aquilo que encontramos
Mas se sobrecarregarmos o nosso sistema
Aceleramos o nosso processo de afinamento

Mesmo sabendo desse processo
Apenas voo livremente
Tentando chegar o mais longe
Sem medo de estourar


Ermanno Noboru Medeiros

Entendo o Mundo



Entender o mundo
Não é andar sobre ele
Estudando suas rotas e estradas
Mas entender o mundo
Consiste em assimilar o fluxo
Compreender o que se passa

Observe o caminhar
Mas não olhe com olhos frios e calculistas
Liberte-se da sistemática
Olhe com olhos de poeta

O poeta não enxerga simplesmente um evento
Ou um fenômeno químico físico
Mas ele vê palavras
Letras que fluem pelas pequenas artérias da vida

O poeta assimila esse fluxo
Ele apenas escreve
Aquilo que ele vê

Entender o mundo vai além
De conhecimentos físicos
Químicos
Geográficos

Entender o mundo
Algo pouco valorizado
Pois todos andam
Como perfeitos zumbis




Ermanno Noboru Medeiros