Tá tudo bem!
Mentira nossa de cada dia
Vivida sistematicamente
Automatizada na fala
O comum do cotidiano
Naturalmente normal igual
Todo dia o dia todo
O eterno repeat
O loop que não acaba
A mesma figurinha no pacote
O mesmo dizer emitido
A mesma fala falada
Tá tudo bem!
Repito constantemente
Em todo instante
Em todo momento
Em todos os olhares
Em todas as questões
Tá tudo bem!
Tá tudo bem!
Tá tudo bem!
Não tá nada bem!
O sorriso em ruinas
O berro silencioso
A suplica e a clemencia
Que jamais será ouvida
Ou percebida
A explosão contida
O teto da casa que é segurado
Os pilares trincados
O coração inchado
Se alguém me ouvisse
Escondido na alegria
Escondido no sorriso
Um abafado grito de socorro
A vontade imensa
Da liberdade
Da fala segurada
Das lagrimas contidas
A vontade de pedir ajuda
O desejo pela boia no mar
Da corda para escalar
Quero asas para voar
Para longe dos meus ferrolhos
Para bem longe da minha gaiola
Para longe de mim
Talvez
Bem lá no fundo
Na pura essência
Não deve ser tão ruim assim
Dizer que não está bem
É...
Talvez
Não seja tão ruim ser humano
Ermanno Noboru Medeiros
Nenhum comentário:
Postar um comentário