Não é tão fácil falar assim
Não temos a menor ideia da tempestade
Ou dos fortes ventos
Se quer imaginamos as terríveis criaturas a rodear
Tão somente sabemos
Quando enfim vivemos
Confesso do mais profundo do meu intimo
Que por vários momentos de minha jornada
Alucinei sobre saltar em direção ao mar
Como uma voz estridente
Algo ecoava em minha mente
Um berro de dor e agonia
Por vezes
Em minhas insanas visões
Ansiava por afundar lentamente nas águas
Até que meus olhos fossem cobertos pelo eterno sono
Incontáveis vezes
Me segurei firmemente na borda do barco
E ali hipnoticamente
Vidrado no oceano
Em minha breve jornada
Aprendi uma lição tão valiosa
Aprendi o motivo de permanecer no barco
Não é uma questão do que nos cerca
Mas sim uma questão do que há em nos
A segurança no frágil mundo
A fé em coisas fúteis
São como nuvens no horizonte
Que predizem a vinda do tormento
Aqueles que ouvem
Atentai aos vossos corações
Não entregue sua sanidade
Para as loucuras desse mundo
Assim como as tempestades em alto mar
Assim é tudo o que nós cerca
Tudo é tão somente e unicamente passageiro
Como nossas próprias vidas
Em tudo
Por mais que não haja esperança hoje
Ou que não há a visão do fim
Permaneçam no barco
O amanhã é incerto
E com ele há possibilidade de um novo
A certeza do sono profundo
Não supera a curiosidade da manhã seguinte
Sou curioso para vislumbrar o que me aguarda
Para contemplar o que há de acontecer
O amanhã há de chegar
Permaneçam firmes na jornada
Pois não sabemos o que há de vir
Ermanno Noboru Medeiros
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