terça-feira, 6 de outubro de 2020

Permaneça no Barco

 

Não é tão fácil falar assim

Não temos a menor ideia da tempestade

Ou dos fortes ventos

Se quer imaginamos as terríveis criaturas a rodear

 

Tão somente sabemos

Quando enfim vivemos

 

Confesso do mais profundo do meu intimo

Que por vários momentos de minha jornada

Alucinei sobre saltar em direção ao mar

 

Como uma voz estridente

Algo ecoava em minha mente

Um berro de dor e agonia

 

Por vezes

Em minhas insanas visões

Ansiava por afundar lentamente nas águas

Até que meus olhos fossem cobertos pelo eterno sono

 

Incontáveis vezes

Me segurei firmemente na borda do barco

E ali hipnoticamente

Vidrado no oceano

 

Em minha breve jornada

Aprendi uma lição tão valiosa

Aprendi o motivo de permanecer no barco

 

Não é uma questão do que nos cerca

Mas sim uma questão do que há em nos

 

A segurança no frágil mundo

A fé em coisas fúteis

São como nuvens no horizonte

Que predizem a vinda do tormento

 

Aqueles que ouvem

Atentai aos vossos corações

Não entregue sua sanidade

Para as loucuras desse mundo

 

Assim como as tempestades em alto mar

Assim é tudo o que nós cerca

Tudo é tão somente e unicamente passageiro

Como nossas próprias vidas

 

Em tudo

Por mais que não haja esperança hoje

Ou que não há a visão do fim

Permaneçam no barco

O amanhã é incerto

E com ele há possibilidade de um novo

 

A certeza do sono profundo

Não supera a curiosidade da manhã seguinte

Sou curioso para vislumbrar o que me aguarda

Para contemplar o que há de acontecer

 

O amanhã há de chegar

Permaneçam firmes na jornada

Pois não sabemos o que há de vir

 

 

Ermanno Noboru Medeiros

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