Certa vez, um
barista, conseguiu grãos de café de alta qualidade da sua própria fazenda. O
barista ansiosamente foi até uma cafeteria para preparar a bebida. Ao longo do
caminho, imaginava como seria o sabor do café extraído.
O barista
encontrou uma cafeteria em uma rua bastante movimentada da cidade. Ao adentrar
o pequeno estabelecimento, seus olhos ficaram admirados com a infinidade de
xícaras que havia na parede. Era uma enorme parede, vasta, com inúmeras xicaras;
eram várias formas, cores e estilos.
O barista
começou a percorrer a parede, tentando escolher uma xícara a qual pudesse
acomodar a bebida quente. Porém, todas elas recuaram.
- Olá? Por qual
motivo vocês estão recuando? – Indagou o barista.
- Não nos
interprete mal, mas não julgamos adequado compor a sua bebida – Disse uma
delas.
- Sim! Você
não tem ideia das nossas histórias e de qual é a nossa origem! Como ousa vir
com algo tão amargo e desprezável! – Falou outra xícara.
- Como assim?
Esse é o melhor café que consegui fazer! – Respondeu o barista.
- Me usarei
como exemplo! – Disse uma xícara com desenhos orientais – Sou um utensilio
fabricando em uma terra distante! Fui utensilio de reis e governantes! Sou uma
xícara utilizada apenas para chás nobres e em ocasiões especiais!
- E eu! –
Disse uma azulada com algumas pedras – Fui utilizada por grandes figuras públicas!
Pensadores e influenciadores! Só posso comportar vinhos caríssimos e da mais
pura qualidade!
- Eu não
consigo entender! Quer dizer que não há se quer uma xícara que possa compor meu
café nessa cafeteria? – Disse o barista com o olhar perdido, enquanto todas as
xícaras olhavam com desprezo para o barista.
- Senhor! –
Uma voz baixa ecoou em uma parte baixa e empoeirada do armário.
- Quem disse
isso? – Indagou o barista.
- Aqui senhor!
– Enquanto falava, dentre as sombras e a espessa poeira, saia uma xícara
branca, porém toda quebrada e trincada – Senhor, se não importar pelo meu
estado, eu estou disposta para comportar sua bebida.
- Você? –
Indagou novamente o barista.
- Não tenho um
passado tão fantástico como minhas irmãs nessa parede. Estou quebrada e
trincada. Mas como elas recusaram, eu me coloco a disposição! – Disse a pequena
xícara quebrada.
- Espere! –
Disse o barista – Admiro a sua disposição! Porém, você está quebrada. Se eu
colocar meu café em você, toda a bebida irá se perder!
- Entendo bem.
Me perdoa por qualquer coisa. – Disse a xícara retornando para seu lugar.
- Ei! – Falou o
barista – Não disse para você ir! Só disse que agora você não está pronta!
Ao dizer tais
palavras, o barista retirou da sua mochila uma barra de ouro. Ele
carinhosamente pegou a xícara quebrada, levou para seu amigo, um ourives
extremamente habilidoso. Ele derreteu o ouro e colocou cada parte da xícara
quebrada.
Não foi um
processo rápido, levou dias para que a obra estivesse completa. O ouvires fez
questão de cuidar de cada pequeno detalhe.
Após o termino
do reparo, o barista levou a pequena xícara novamente para cafeteria. Chegando
na cafeteria, as demais xícaras estavam assustadas em ver o retorno da sua
irmã.
O barista fez
questão de preparar um bom café com seus grãos. Depositou a bebida na xícara e
apreciou cada gole da bebida.
O barista
então, colocou a pequena xícara em uma posição de honra na cafeteria, pois a
quantidade de ouro empregada no reparo tornara aquela xícara mais valiosa que
todas que haviam naquela cafeteria.
Após esse dia,
todos os dias, o barista apreciava seus cafés com aquela xícara. A única xícara
disposta!
Ermanno
Noboru Medeiros
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