Eu desisti
Desisti de várias coisas
Desisti de tentar
Desisti de insistir
Em sua essência mais profunda
A palavra desistir é algo pavoroso
Em nosso tempo
Algo repugnante
Mas reflexivamente
Algo necessário
A flor desiste de sua beleza
Para gerar um novo fruto
Que perpetue sua espécie
A semente desiste de manter suas reservas
Para que possa queimar
E gerar energia para a planta que virá
Os pássaros desistem do conforto do ninho
Para se aventurarem em novas terras
Para sentirem o vento contra seus rostos
Assim como na natureza
Eu desisti
Desistir de apostar todas as minhas fichas
Em lances tão incertos e obscuros
Para apostar na minha própria alma
Desistir de tentar entender
Tantas coisas ao mesmo tempo
Para viver o momento que se passa
Desisti de procurar a felicidade
Em tantas coisas frágeis e baratas
Para fazer afluir a felicidade em mim
Desistir de tentar me encaixar nos moldes do mundo
Que só me subestima e me exclui
Para aprender a me aceitar mais
Desistir de ouvir as falhas vozes sentimentais do meu
coração
Que só me fazem trilhar a infelicidade
Para ouvir A Única voz que vem do céu
Desistir de procurar
O que o mundo me oferece
Para buscar um reino além do horizonte
Além do que meus olhos possam ver
Desisti da velha vida
Para viver uma nova
Uma nova vida
No reino dos céus
Ermanno Noboru Medeiros
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