segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Encontre-me

Entre os ensurdecedores tique e toque

Do apresado relógio pendurado

Minha voz perde a força

Se torna um silencioso grito

Um grito de socorro

 

Sei que por vezes a rotina nos guiou

Ditou as batidas do nosso acelerado coração

E como a morfina injetada na veia

O ativismo anestesiou nossa percepção

Tornou-nos alguém vivo

Porém mortos

 

Por dias gritei desesperadamente

Era desesperador ver todo aquele sangue jorrar

E olhar para você sem uma expressão de dor

Sem uma expressão de vida

Sem uma mísera reação

 

Não tardaria para vindoura ruina

Aos poucos a sombra do pânico invadia cada cômodo

Estrangulando cada pilar da nossa psique

Afundando em um imenso mar

O mar da angústia

 

Sem ar

Sem vida

Apenas a gélida mão da morte

Em um grito gutural de um animal ferido

Você clamava por paz

 

Olhe para mim!

Você perdeu o sentido

Perdeu o gosto

Perdeu seus sonhos

 

Ainda não é o fim

Ainda não é a hora

Ainda dá para sair daqui

Ainda dá para levantar a casa

 

Apenas encontre-me

Estou aqui te esperando

 

A jornada não será fácil

Levará tempo

Pois dentro de você há um imenso universo

Cheio de constelações

E você nunca se deu conta disso

 

As trevas que inundam seu interior

Lhe demonstram medo

Apenas mantenha a calma

A luz deve começar dentro de você

 

Em um mar agitado na sua alma

Em um turbilhão de ideias no céu

Respire fundo

Você é o autor desse mundo

Crie ondas que impulsione para mais a frente

Crie ventos que direcione aonde deva ir

 

Espero que você aprenda a me perdoar

Espero que você aprenda a me amar

Espero que você aprenda a me ouvir

 

Nunca fui seu inimigo

Nunca fui seu adversário

 

Precisamos lutar juntos

Precisamos estar em sintonia novamente

 

Mergulhe fundo dentro de si mesmo

Explore o seu universo

 

E

 

Encontre-me

 

 

Observação: Poesia escrita quando o meu eu aprendeu a perdoar e amar o meu eu.

 

 

 

Ermanno Noboru Medeiros

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