quinta-feira, 19 de abril de 2012

Rotina Acostumada


Deste pequeno
Nasce em um mundo de horrores
Deste pequeno
Nasci em um mundo de aberrações

Já estou acostumado
A apanhar
Já estou acostumado
A me cortar
Já estou acostumado
A me ferir
Já estou acostumado
A andar
Na linha da morte

Já estou acostumado
Já estou acostumado

Todo dia
É o mesmo dia
Já estou acostumado
Com esta rotina de ferida
Não sinto
Meu corpo anestesiado
A dor
É maior que meus sonhos

Todo dia
Brincadeiras sinistras
Malabarismo com facas e serras
Dando tiro pra cima
Se jogando nos espinhos
Esperando a próxima vitima
Na roleta russa

Todo dia
É o mesmo dia
Já estou acostumado
Com esta rotina de ferida
Não sinto
Meu corpo anestesiado
A dor
É maior que meus sonhos

Já estamos acostumados
Já estamos acostumados
Já estamos acostumados

Á assistir á morte atrás de um vidro
E não fazer mais nada
Porque estamos acomodados
Esperando a morte
Sentados no sofá

Nada mais assusta
Nada mais surpreende
Nada mais intriga

Porque

Já estamos acostumados
Já estamos acostumados
Já estamos acostumados

A viver
Com a morte
Ao nosso lado






Ermanno Noboru Medeiros

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